
COM SUCESSO: RECAE realiza sua Assembleia Geral Constitutiva
10/12/2024
AMPCM distribui insumos agrícolas, incluindo meios circulantes as Cooperativas em Nampula e Zambézia
06/02/2025No dia 18 de Dezembro de 2024, o Centro Cultural da UniRovuma, localizado na Cidade de Nampula, acolheu a realização da XV Assembleia Geral Ordinária da AMPCM, que contou com a participação de mais de 50 membros cooperativistas e parceiros pro modelo de negócios cooperativo, como forma de transmitir o seu compromisso para com os princípios que norteiam este movimento.
O evento organizado pela Associação Moçambicana para Promoção do Cooperativismo Moderno – AMPCM com apoio dos seus parceiros NorgesVel, WeEffect e Socodevi representa um marco importante para o fortalecimento da AMPCM e o movimento cooperativo em Moçambique, cujo objectivo foi de analisar o funcionamento da organização ao longo do ano, além de aprovar o relatório de actividades e contas. Este momento foi crucial para avaliar as acções realizadas, discutir os desafios enfrentados e traçar novas metas para promover o cooperativismo moderno no país, alinhando-se com as tendências globais e as necessidades locais. As cooperativas possuem um papel crucial no desenvolvimento das nações, particularmente no meio rural, estimulando o crescimento económico com base na inclusão social, gestão sustentável dos recursos naturais e contribuindo para a aumento da riqueza e melhoria das condições de vida da comunidade em que está inserida.
Cooperativas: Um Caminho para o Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo em Moçambique
Em 2025, o Ano Internacional das Cooperativas (AIC2025), promovido pelas Nações Unidas, traz consigo o lema “As cooperativas constroem um mundo melhor”. Esse lema sublinha o impacto global das cooperativas como modelo de negócio sustentável e inclusivo, capaz de responder aos desafios económicos e sociais mais urgentes, incluindo a erradicação da pobreza e a promoção de trabalho decente para todos. Em um momento de transformações políticas e sociais em Moçambique, com o novo governo assumindo a responsabilidade de conduzir o país em direcção ao desenvolvimento sustentável, o cooperativismo se apresenta como uma solução estratégica e inovadora.
O Cooperativismo como Modelo de Desenvolvimento
O modelo cooperativo, baseado na solidariedade, na igualdade e na participação activa de seus membros, oferece um caminho alternativo ao tradicional modelo de negócios orientado apenas para o lucro. Ao contrário das grandes corporações, as cooperativas focam no bem-estar de suas comunidades e no fortalecimento das economias locais, promovendo a inclusão social, a redução das desigualdades e a criação de emprego decente e sustentável.
Em um contexto como o de Moçambique, onde uma grande parte da população enfrenta desafios como o desemprego, a pobreza e a exclusão social, o cooperativismo pode ser um motor de transformação. As cooperativas têm o poder de gerar emprego local, promover a formação e qualificação profissional, melhorar a renda das famílias e fortalecer a capacidade de resiliência das comunidades, tudo isso de forma democrática e participativa.
Impacto no Emprego e na Inclusão Social
O governo de Moçambique, ao considerar o cooperativismo como um instrumento-chave em sua política de desenvolvimento, poderia adoptar medidas para incentivar a criação de cooperativas nos mais diversos sectores da economia, desde a agricultura até os serviços e indústrias locais. As cooperativas oferecem uma via concreta para a criação de empregos formais e decentes, especialmente em áreas rurais, onde o acesso a oportunidades económicas é limitado.
Por exemplo, o modelo cooperativo pode ser particularmente eficaz na promoção da agricultura familiar sustentável, uma vez que as cooperativas permitem que pequenos produtores se organizem para melhorar a sua produção, acesso a mercados, compra colectiva de insumos e negociação de melhores preços. Essa abordagem não apenas gera mais empregos, mas também fortalece a segurança alimentar e a capacidade de adaptação às mudanças climáticas, um dos maiores desafios enfrentados pelos agricultores moçambicanos.
Além disso, as cooperativas podem ser uma resposta à falta de acesso ao crédito e aos serviços bancários formais, um problema comum em muitas áreas do país. Elas podem actuar como instituições financeiras próprias, permitindo que seus membros tenham acesso ai crédito de forma mais justa e acessível para investir em seus próprios negócios e melhorar suas condições de vida.
O Papel das Organizações Internacionais
O apoio das organizações internacionais, como as Nações Unidas (NU), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), é fundamental para o sucesso do cooperativismo em Moçambique. Essas entidades têm destacado de forma constante o papel das cooperativas na promoção do desenvolvimento sustentável e na construção de uma economia mais inclusiva.
A OIT na sua recomendação 193, por exemplo, reconhece as cooperativas como um modelo eficaz para a promoção de trabalho decente e para a melhoria das condições de vida de trabalhadores e suas famílias. Para a OIT, as cooperativas são um mecanismo poderoso para a criação de emprego, a promoção de direitos trabalhistas e a erradicação do trabalho infantil e forçado. No caso de Moçambique, as cooperativas poderiam ser um ponto de partida para a construção de uma economia mais justa e equitativa, onde os direitos dos trabalhadores são respeitados e o trabalho decente se torna uma realidade para milhões de moçambicanos.
A FAO, por sua vez, destaca o papel das cooperativas agrícolas como uma solução para a melhoria da produtividade e a segurança alimentar. Para Moçambique, um país com grande parte de sua população dependendo da agricultura para a subsistência, as cooperativas podem desempenhar um papel crucial na implementação de práticas agrícolas sustentáveis, no fortalecimento das cadeias produtivas locais e no acesso a mercados mais amplos e rentáveis.
O Caminho a Seguir
Para que o cooperativismo se torne uma ferramenta eficaz de desenvolvimento em Moçambique, é necessário um compromisso sério do governo, das instituições financeiras, da sociedade civil e das organizações internacionais. O governo de Moçambique deve criar um ambiente legal e institucional que favoreça a criação de cooperativas, proporcionando incentivos fiscais, acesso a crédito e programas de capacitação para os membros das cooperativas. Além disso, é crucial promover a sensibilização sobre os benefícios do cooperativismo e a educação cooperativa, para que mais moçambicanos possam se engajar neste modelo de negócio. É necessário também, que o novo ciclo governativo 2025-2029, abrace este modelo, inclua o cooperativismo no Plano Quinquenal com indicadores claros e recursos financeiros para a devida promoção.
O exemplo de países que têm adoptado o cooperativismo como um pilar de seu desenvolvimento económico e social deve servir de inspiração para o novo governo. O cooperativismo não é apenas uma alternativa económica para o país, mas uma forma de promover a coesão social, a justiça e a paz em Moçambique, num momento em que a unidade e a solidariedade são fundamentais para o futuro do país.
Assim, ao abraçar as cooperativas, Moçambique tem a oportunidade de construir uma economia mais resiliente, justa e próspera, que beneficie todos os cidadãos e fortaleça a sua posição no cenário internacional. O futuro de Moçambique, a exemplo de muitas outras nações ao redor do mundo, pode ser mais próspero e equilibrado com as cooperativas como motor da mudança.
