O Director Executivo da Associação Moçambicana Para Promoção do Cooperativismo Moderno (AMPCM), em entrevista ao Jornal MOÇAMBIQUE, propriedade do Gabinete de Informação (GABINFO) falou sobre o contributo que as cooperativas modernas estão a dar em prol do desenvolvimento socioeconómico, inclusivo e sustentável do País.
Cecílio Valentim afirmou que nos últimos anos, a AMPCM, tem se notabilzado, por um lado na promoção do Cooperativismo Moderno, através da formalização de grupos informais e apoio na criação de cooperativas de diferentes áreas e sectores socioeconómicos e por outro, pelas capacitações sobre cooperativismo, boa governação e benefícios socioeconómicos do modelo cooperativo para o País. .
“O final do ano 2020 foi marcado pela criação, legalização e publicação de seis cooperativas, das quais três solicitadas pela Direcção Nacional de Geologia e Minas (DNGM) do Ministério dos Recursos Minerais e Energia e outras cooperativas a pedido do Governo do Distrito de Vilankulo, na província de Inhambane, onde foram criadas cooperativas do ramo agrícola, indústrias culturais e criativas, pescas e extracção de inertes. No Distrito de Mabote foram criadas 2 cooperativas de produtores de castanha de caju”, referenciou.
O Problema da empregabilidade se resolve com as cooperativas
Num outro desenvolvimento, o Director Executivo da AMPCM, disse que o desafio da criação de três milhões de postos de emprego, conforme o Programa Quinquenal do Governo de 2020/24, é uma meta que facilmente poderá ser alcançada pelos grupos se forem organizados em cooperativas modernas. Pois, estas são uma verdadeira fonte de trabalho e emprego para muitos jovens, ao nível das comunidades onde estão inseridos.
Entretanto, em relação aos Kit’s que o Governo através da Secretaria de Estado da Juventude e Emprego (SEJE), tem oferecido aos jovens empreendedores isoladamente, Cecílio Valentim, afirma que “esse é um grande erro, o governo está a falhar na estratégia. É preciso agregar esses jovens em cooperativas e isso vai permitir uma junção de sinergias e forças. E vai permitir ainda a partilha dos custos, riscos e ganhos. Se actuamos em grupo, somos mais fortes, robustos, produtivos e sustentáveis e actuamos em economia de escala”.
O Director Executivo da AMPCM acrescentou que não se vai conseguir atingir a meta dos 3 milhões de emprego, a dar kit’s individualmente aos jovens empreendedores. “O empreendedor isolado tem o grande desafio da estrutura de custos e em caso de algum risco ele pode colapsar”, afiançou.
Potencialidades dos centros reclusórios
Relativamente às penitenciárias ou centros prisionais, Cecílio Valentim, disse haver muitas potencialidades (dos reclusos) naqueles locais. “Há jovens que estão lá encarcerados com potencial em várias áreas, como mecânica, carpintaria, pintura, bate-chapa e serralharia e experts nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s). A meu ver, o Ministério de tutela dos centros prisionais pode capitalizar a mão-de-obra dos reclusos”, disse acrescentando que assim, o Estado deixaria de ter que dispender avultadas somas para o sustento dos reclusos.
Ainda de acordo com o Director Executivo da AMPCM, os reclusos devem produzir alimentação para si e criar a sua própria riqueza através da sua profissionalização, facto que os ajudaria sobremaneira na sua reintegração ou reinserção social e económica.
Os reclusos podem sustentar suas famílias mesmo na cadeia
“Temos nas cadeias ou centros reclusórios grandes e talentosos carpinteiros, mecânicos e outros que podem ser agregados em cadeias de valor, através das cooperativas, estas que são empresas que geram renda”, disse.
“Uma parte da renda, a cooperativa canalizaria para os cofres do Estado, outra para ficaria na cooperativa, para garantir a subsistência da família do recluso, até porque esses mesmos reclusos são esposos e pais de família”, acrescentou.
Cecílio Valentim acérrimo defensor do cooperativismo, diz que um dos problemas que os reclusos têm tido após o cumprimento da pena e sua reinserção social. Pois, na maioria dos casos, estes reclusos voltam à casa, sem emprego, sem dinheiro e acabam nalgumas vezes pautando pelo mundo do crime que ainda lhes reconduz à cadeia.